2006-03-23

Andar confrangedor

Não escrevo sobre um andar novo, nem sobre um velho. Não escrevo sobre apartamentos, nem moradias. Escrevo sobre uma situação confrangedora a qual, mais cedo ou mais tarde, acontece a qualquer um.
Vai uma pessoa descansada pela rua, quando, sem mais nem menos, encontra-se lado a lado com outra. Ao princípio parece natural. Quem anda pela rua, arrisca-se a encontrar outras pessoas. O problema surge quando se apercebem que vão na mesma direcção, sentido e à mesma velocidade. Nesse momento começa a preocupação. Aquela pessoa estranha, que não conhecemos de lado nenhum, caminha a nosso lado. E isso está reservado às pessoas que conhecemos.
E lado a lado vão caminhando.
Espreitam pelo canto do olho.
Poderá ser alguém conhecido.
Mas não é esse o caso. Entretanto, começam a tentar variar a velocidade, para que uma delas se destaque. O pior é se ambas abrandam ou aceleram o mesmo... A partir daí é preciso mudar de direcção. Nem que seja para ver uma montra.
Depois da parelha desfeita, ambas regressam ao conforto do conhecido...

12 comentários:

Anónimo disse...

E . . .
Porque não, tornar essa "pessoa estranha" num "conhecido" de presença agradável ?

Anónimo disse...

E . . .
Porque não, tornar essa "pessoa estranha" num "conhecido" de presença agradável ?

SOD, o Pérfido disse...

Só pensamos nisso se essa pessoa estranha for um desconhecido de aparente presença agradável.

E não será desconfortável e confrangedora essa abordagem?

Anónimo disse...

Somos seres humanos, não máquinas do nosso próprio quotidiano.
Não pode haver receio (ou não deveria) em abordar um ser igual a nós...
Por esse receio e desconforto existir, é que cada vez mais lhe damos importância e cada vez mais parcemos máquinas que caminham nas ruas, lado a lado, sem fazer um comentário, sem dizer um "Bom dia" ou "olá, como está?"...
Parece quase que não sentimos o nosso mundo... o nosso redor.
Quase não nos sentimos...
Essa ideia é demasiado monstruosa para que me deixe guiar por ela.
Por isso vou continuar a abordar pessoas... nas paragens, num café, num passo em sintonia... simplesmente porque temos o dever e o direito de usar o que temos de mais poderoso nesta matéria de que somos feitos: o nosso código, a nossa língua, a nossa expressão.

Di

SOD, o Pérfido disse...

Às vezes andamos tão absortos no nosso quotidiano, que nada vemos para além do nosso mundo. Nem sequer nos esforçamos para entrar no mundo dos outros.
Por outro lado, desconfiamos demasiado para baixar as defesas. Muitas vezes perante pessoas que já conhecemos...
Nas aldeias ainda sabemos tratar as pessoas pelo nome. O tempo passava devagar. Agora já nem aí.
E que tal se têm dado, tu e os outros, com essa tua abordagem?

Anónimo disse...

Já conheci muitas pessoas simpáticas assim . . . desta estranha doce forma...
E já vi muitos sorrisos, já levei despreso e olhares reprovadores...
Mas tentei!
Digamos que... me tenho dado razoavelmente bem.

SOD, o Pérfido disse...

Depende de muita coisa.
Eu tenho um ar pouco simpático. E sou pouco dado a essas coisas. A não ser que fosse abordado por uma gaja gira ou simpática. O ideal é que seja ambas.

Anónimo disse...

..."uma gaja gira ou simpática." ?
..."gaja"...??
Huum...
...e que tal uma rapariga agradável?
Está bom?

Anónimo disse...

e aquela situação não menos embaraçadora de transeuntes em direcção contrária que param frente a frente e ele é esquerda e ele é direita, em compasso acertado! eh pá, finta!
assinado

Anónimo disse...

Sim... essa situação é verdadeiramente embaraçosa... e quase parece uma dança...!
Ora, imaginem lá...
No momento em que ambas as pessoas se deslocam apressada e continuamente para os lados e não conseguem sair do "frente a frente", nem mesmo quando param por segundos e voltam ao mesmo...!!!
É DIVERTIDO DE OBSERVAR...
Digam lá que não?!

Di

SOD, o Pérfido disse...

Gira, boa, engraçada, agradável... É o que tu quiseres...
Para mim está bem.

SOD, o Pérfido disse...

Uma boa dança, é sempre divertido de observar.
De dançar, só para quem gostar. E, normalmente, há quem prefira escolher o parceiro a dançar com um estranho, numa estranha dança.