2007-01-29

Que frio

Depois de vários dias a referirem a vaga de frio que trazia valores normais para a época, chegou finalmente o frio. E que melhor forma de o assinalar que falar sobre ele e sobre a gripe. Naturalmente alguns jornalistas não resistem a tornar esse assunto ridículo. Depois de finalmente terem razão em relação ao frio, tentam ter razão em relação à gripe. Talvez se tenham tornado em fazedores de notícias a quem nem o clima lhes resiste...

Assim, há poucos dias, previa-se a chegada do vírus da gripe. Esperava-se que ele chegasse mais cedo e mais forte, resultando num ligeiro pico. Ligeiro pico?!

Parece que já estou a ver os jornalistas a amontoarem-se (sim, aos montes) à volta do vírus da gripe, na porta das chegadas de um aeroporto nacional.

- “Afinal chegou mais cedo. Sente-se mais forte?”

- “Sim, claro!” – dito com um qualquer sotaque sul-americano – “Sinto-me mais forte nesta época e pronto para vencer.”

- “O Ligeiro Pico F.C. fez tudo para que chegasse mais cedo. Está feliz com isso.”

- “Claro! Vim para ajudar o Pico a crescer e quero retribuir a esta massa maravilhosa que me espera. Espero contagiá-los a todos!...”

2007-01-28

Post fora de época

Espírito natalino

2006-12-24

Já não é o que era. O que tanto é válido para isto como para tantas outras coisas...

É uma constatação anual. Não há grandes mudanças de ano para ano, mas as pequenas, todas somadas, acabam por dar nas vistas quando olhamos para trás.

Foi uma coisa tão banal como observar os filmes escolhidos para esta época de uma estação de televisão: tubarões assassinos gigantes, tiros e explosões, artes marciais, etc. Curiosamente, talvez aquele policial futurista seja o que está mais próximo do Natal. Apesar de tudo, prefiro esta grelha àqueles filmes lamechas de época... Mas não deveria ser preciso passar de um extremo ao outro.

Esta meditação foi efectuada na véspera de Natal, ao som do álbum Kill ‘em All dos Metallica.

Sim, porque sim

Porque outra razão poderia ser? A argumentação quer de um lado quer do outro tem, salvo raras excepções, escapado à questão essencial. O que acaba por ser natural, dada a natureza da questão colocada. Atendendo à questão a argumentação torna-se ainda mais fraca: despenalizar porque não se pode mandar para a prisão mulheres que abortaram ilegalmente. Curiosamente, coloca-se um prazo. Afinal as mulheres continuam a poder ir para a prisão. Basta que abortem depois das 10 semanas de gestação. Obviamente esta proposta para legislar não manterá as mulheres longe da prisão. A argumentação que se ouve agora voltará a ouvir-se daqui a uns anos.

Outra argumentação é o combate ao aborto clandestino. Mais uma vez o sim não dará resposta. Continuarão a recorrer ao aborto clandestino as mesmas mulheres que hoje recorrem.

A verdadeira questão, à qual quase todos parecem querer fugir é se o ovo, o embrião, o feto têm direito, igual ao da futura mãe, de viver. Como a questão não é pacífica, procurou-se o (impossível) consenso: decide-se que há um período durante o qual apenas a mulher grávida tem direitos. E isso dá-lhe o poder arbitrário de decidir se prossegue a sua gravidez ou a interrompe. Porque é que ela pode decidir pela interrupção? Porque sim. É quanto basta.

Os defensores deste poder arbitrário dizem que é para que a mulher possa decidir sozinha pois ela é que sabe. Precisamente por estar sozinha é que ela é empurrada para esta solução. Cegamente não reparam, ou não querem reparar que esta solução ainda é mais a favor dos homens que deixam estas mulheres sozinhas. Provavelmente, caso venha a haver uma lei baseada neste porque sim, terá igualmente de haver uma despenalização do pai que não quer cumprir as suas obrigações...

Há quem veja na necessidade da alteração desta lei uma resposta ao falhanço da educação sexual. Seria um pouco como despenalizar o excesso de velocidade nas estradas dado que não se conseguiu educar os condutores a respeitar o código da estrada... A malta pode não ser educada, mas tem sexo e guia velozmente. O resultado é uma questão de sorte. Algumas vezes, de morte...

Gostei de ver há uns anos uma fotografia de uma jovem que mostrava a sua barriga e tinha lá escrito qualquer coisa do estilo: aqui mando eu! Pois é aí que reside o erro dessa jovem e de muitas pessoas. Se realmente mandasse, nunca haveria necessidade de abortar...