2006-11-05

Adiamentos crónicos

Projecto na minha cabeça. Elaboro como tudo deve correr na perfeição. Inicio o projecto. Leva mais tempo do que deveria a colocá-lo de pé. Isso entra em conflito com outros projectos já elaborados ou a decorrer. Estabeleço prioridades. Este ou aquele têm prioridade sobre os outros. Os outros ficam arrumados à espera da vez. Entretanto surgem mais projectos novos. Para além da dificuldade própria da gestão de cada projecto, há a dificuldade de conciliar os meus projectos com os projectos de outros. Normalmente a dificuldade só surge quando os projectos dos outros têm prioridade sobre os meus. Dificuldade de implementação dos meus, os quais são adiados para nos concentrarmos na implementação dos projectos dos outros. É frustrante quando não tomo os dos outros como meus e estes têm prioridade sobre os meus. Vejo os meus projectos serem preteridos. Ninguém gosta de ver o que é seu preterido em relação ao que não o é. Os meus vão-se acumulando, aumentando a frustração. E a frustração não ajuda ao desenvolvimento e conclusão. Vou vendo os meus projectos, e os dos outros, a acumularem-se e o tempo a diminuir. Vou adiando à espera de mais tempo. E esse tempo traz mais projectos...

8 comentários:

Anónimo disse...

Cresce um forte desejo de parar o tempo... mas esta ideia atinge-nos de forma repentina e pensamos nela sem a noção da razão.
Ás vezes sabe bem pensar assim...
Também me ocorre fugir para o nada... e no nada ficar... mas é uma ideia igualmente irracional onde apenas me quero refugiar. Para fugir.

Anónimo disse...

(para o texto: "Adiamentos Crónicos")

_ Depressão _

Entra-se mais fundo no poço,
que lentamente nos engole; é mais
do que ficar triste,
é o desejo de morrer, desaparecer,
è anciar a morte.
É não ter mais lágrimas para verter, estar seco, chorar por dentro,
apodrecer.
É agonia subtil demorada,
é sentir que se é nada.
É mais que sofrer-se sozinho,
é sentir o corpo ausente,
e sobreviver com o espírito morto,
fazendo por vezes,
sofrer os que gostam de nós e nos sentem...
É dor que não se sente,
vive-se com esse sentimento;
É o consumir das entranhas podres e
apodrecer a alma,
é ter lágrimas de sangue e esconder a face na máscara;
Percorre-se estradas longas de retrocesso que pára a vida;
o tempo corre morto, a vida, que não o é,
passa e leva-nos o tempo,
esse, que nos leva a vida, essa que não a temos;
e nós, levamos a carne que temos vestida,
á morte alucinantemente esperada;
devolvemos a paz ao espírito
e (alguns dizem...) fazemos crescer a alma.
A depressão não se vê...
A depressão não se sente...
A depressão vive em nós,
caso um dia, surga a oportunidade de nos vencer.

Anónimo disse...

Peço desculpa:
* ansiar
* "caso um dia possa surgir" em vez de "surga"
* quanto à palavra "alucinantemente"... adoro-a.
Cumprimentos meus. : )

Anónimo disse...

*surja
(...)
Quando é que escreve outro texto?
Há leitores assíduos... ou não têm mais que fazer...

SOD, o Pérfido disse...

É deprimente chegar a um ponto em que não se tem tempo para tudo. Principalmente para as coisas que mais gostamos.
Mas não será ainda mais deprimente ter demasiado tempo para nada fazer?...

O único sítio para onde dá vontade de fugir é para o meio das coisas e das pessoas de que(m) mais gostamos.

Anónimo disse...

Claro que sim, é muito mais frustrante não ter nada para preencher o tempo demasiado. Que só é "demasiado" pois é uma ilusão, criada pelo facto de não haver grandes objectivos, metas e interesses, etc... que encurtem* ilusoriamente as 24horas de que todos dispomos.

*Ou pelo menos, que nos façam querer ter direito a mais horas extra. dimares

Dimares disse...

Adiamento Crónico
Fica para outra altura.
Dizemos com um ar despreocupado...
Fica para outra altura,
Para quando a vontade não tiver lugar ocupado.
Fica para outra altura,
O que há a fazer sempre dura.
Dura?
Dura…
Por isso fica para outra altura.

O tempo cooooooooooooorrrrrrrrrreeeee...
E corre tão rápido, que
Chega a altura
E não houve tempo
Para que na dada altura
Já haja tempo de tratar da
Dura tarefa que dura e dura…
Mas que só dura e é dura
Porque se adia continuamente a altura...

Perdura…
O quê?
A brandura.
Porque a tarefa faz a altura
E não o inverso.
Quando já houver vontade
De fazer o que ainda dura,
O que perdurou, afinal
Já não dura!
Ai que maçadura…!
Agora passou a altura!
Passou?
Não…
Só não quis ser dura,
E dizer-te que sozinho,
O tempo, apenas, não cura…

Diana Estêvão 2009

http://respirarvontades.blogspot.com/

SOD, o Pérfido disse...

Haja alguém que projecte e que cumpra aqui escrever...