2011-07-26

Cem importâncias

Provoca-me urticária sempre que oiço ou leio que determinada medida é simbólica porque permite poupar pouco dinheiro. Obviamente essas mentes iluminadas falam sobre o dinheiro alheio (ou julgado alheio). Porque se fosse directamente do próprio, teriam menos objecções. E gostariam que tal medida poupasse ainda mais alguns cêntimos.
Nunca ouvi falar de alguém que tivesse amealhado fortuna desperdiçando uns cêntimos aqui e mais uns cêntimos acolá (ou centavos). Mas já ouvi falar de quem, tendo a fortuna vindo parar-lhe ao colo, a tenha esbanjado por não olhar às despesas. Gente que não poupou no desperdício, poupando pensamentos sobre como, cêntimo a cêntimo, a fortuna lhe escapava. Nem sequer por entre os dedos, dado que nada tentavam agarrar.
Talvez falte a certa gente a perspectiva que o acumular de riqueza é o somatório de muitos cêntimos (a Matemática nesta terra é muitas vezes desprezada).
É claro que não basta ser sovina para se ficar rico. Será necessário mas não suficiente, que os cêntimos acumulados se multipliquem de forma quase bíblica. Mas qualquer indivíduo ou corporação que tenha enriquecido, sabe que é preciso estancar a fuga dos cêntimos para situações de desperdício ou para os bolsos dos adversários.
Tal como uma torneira que pinga parece não desperdiçar muito, acumulando metros cúbicos ao longo do tempo, os nossos governantes acharam sempre que poupar cêntimos (ou centavos) seria desprestigiantes. E nunca se aperceberam das piscinas que poderiam ter enchido (excluindo as deles e dos amigos). Poderia assim o povo banhar-se ao invés de permitir que alguns aspirantes a Tio Patinhas tivessem enchido as suas caixas-forte...

2 comentários:

Pêndulo disse...

...mas o povo tuga é acéfalo...

SOD, o Pérfido disse...

Sempre que é para olhar pelo umbigo, ficam logo uns carolas pensantes...