2012-11-09

País de ofendidozinhos

Vivemos num país de pessoas que anseiam por uma desculpa para se exaltarem. Para deixarem de fazer bem, por uma razão qualquer, por mais pequena que seja. Somos pequeninos e invejosos. Quando cheira a sangue, precipitamo-nos para dar mais um pontapé no indivíduo que sangra. Antes, gritamos "quem nos agarrar?", enquanto o dito ainda está de pé. Depois de caído, carregamos. Queremos carregar com o dedo na ferida, mas só se nos sentirmos seguros de não levar uma resposta. Gostamos de protagonismo, ainda que seja à custa do esforço alheio e nunca do nosso.
Gostamos de tomar uma parte por um todo. Como se algo ou alguém ficasse definido apenas por uma faceta. Como se a nossa tacanhez quisesse mostrar à tacanhez de outrem que é maior e mais poderosa.
As redes sociais assentam que nem uma luva a este nosso desejo pequenino de sermos pequeninos. De sermos mesquinhos. De ignorarmos tudo o que de bem possa ter sido feito até ali, se tivermos uma oportunidade de crítica destrutiva. Ignoramos a construtiva, principalmente se nos for dirigida.
Somos pequenos selvagens que não toleram um dedo acusador. Uma tendência de ordem. Um diminuir dos direitos perante a exigência dos deveres.
É tão simples partilhar vídeos, fotos, textos e pensamentos de outros. Fazer um gosto (seja lá o que isso for) independentemente de ser apropriado ou nem por isso. Mais complicado é pensar pela própria cabeça e não incorporar alegremente o rebanho da carneirada.
E se querem ignorar o sábio conselho de não comer bife a todas as refeições por meras razões de saúde, mostrem que comem porque têm dinheiro para isso. E o que sobrar, doem para o Banco Alimentar.

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