2017-08-20

Veneno social

As chamadas redes sociais são um espelho da sociedade que as criou e as utiliza. Um espelho algo deformado que amplia alguns aspectos, em detrimento de outros. Não há animal algum que não se sinta ofendido por isto ou por aquilo que se encontra nas redes. E o mesmo animal, por isso, sente-se no direito de ofender, acreditando claramente que dois erros anulam-se ou criam algo de bom. As figuras mais ou menos públicas ou não chegaram a embarcar nesta barca, temendo pela exposição cibernáutica, que atrai os necrófagos daquele mundo e deste, ou começam a pôr na moda a necessidade de se afastarem para não se sujarem com a porcaria que lhes atiram. A imundície que vem ao de cima no tráfego de informação que a Internet e, mais recentemente, as redes sociais permitem, não é novidade. Desde sempre que o anonimato, ou a sensação de não ser apanhado, permitiu que alguns fossem valentes, uma vez que nunca necessitam de provar a sua valentia. O conforto da protecção oferecida pela distância física aos alvos, potencia o confronto e digitaliza o clássico agarrem-me se não vou-me a ele(a). E isto permite qualquer tipo de assédio e de linchamento popular. Logo agora que o popular foi convertido em viral. E tal como os vírus que se multiplicam exponencialmente, também estas viroses nada trazem de saudável. Este caldo, cozinhado pela sociedade de utilizadores, envenena a rede social. E esta última, envenena a sociedade em geral, numa realimentação positiva, com efeitos tão negativos. Espaços que poderiam ser usados para troca de informação e de ideias salutares, onde é possível concentrar-nos mais no conteúdo do que no autor, são um autêntico desperdício de largura de banda. O insulto e a falta de respeito tornam-se a norma, expulsando os mais válidos para outras praças. Quem sabe filtrar o que lhes faz bem, sai de perto das fontes de poluição, tal como se faz no mundo real. Mas a realidade é que o Homem deixado sem controlo, comporta-se como o animal irracional que é. Endosso desde já as minhas desculpas a todos os outros animais irracionais que, mesmo não lendo, compreendem-nos o suficiente para de nós se afastarem...

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