2012-06-21

Só à palmada

Ela exagerou no seu esforço. Tentou ir além do que as suas forças permitiam. O exercício físico deixava-a louca. E não era coisa pouca.
O corpo sempre a esforçar, sem lhe permitir descansar. Sem lhe dar descanso. "Quem corre por gosto não cansa", dizem, sem afirmarem que uma tal corredora nunca descansa.
Há quem tenha tanta energia que parece inesgotável. E nesse erro caiu ela própria. Em cima da passadeira rolante corria, indiferente aos pedidos do seu próprio corpo para parar. Ou até mesmo para abrandar. O objectivo era ir mais longe. Estar durante mais tempo. Gastar o maior número de calorias. Derreter a maior quantidade de gordura.
E quando, embriagada pelo prazer que o exercício lhe proporcionava, o seu próprio corpo desfaleceu, ela tombou sobre a consola de comando da passadeira, ficando pendurada com o tronco para um dos lados e as pernas para o outro lado.
O alvoroço foi muito e vários acorreram em seu auxílio. E, lá chegados, próximos, rapidamente concluíram que o melhor seria darem-lhe umas palmadas nas bochechas. Até que estas ganhassem cor e ela reanimasse, voltando a si.

Sem comentários: