2015-07-12
Desprendimento fatal
Não há admiração em não ter a certeza do teu sentimento. Quando o desejo é forte, encontra em todas as palavras a confirmação do que quer ver, ouvir e ler. E isso tolda a compreensão de tudo o que vejo, oiço e leio. A tentativa de compensar leva a ignorar os sinais, para não ser iludido pelo desejo. Tentando adormecer a excitação que me assalta, dizendo-lhe que nada de concreto se passa. Que se trata de uma miragem e não da fonte onde poderei matar esta sede que me consome.
É ridículo e desnecessário prender-te. Ridículo porque amarra alguma que eu inventasse, poderia prender-te a mim, contra a tua vontade. Desnecessário pois não faria sentido que ficasses presa a mim, sem perceberes e aceitares esse lugar como teu.
E ficas tão bem livre, como precisas e desejas...
Como um felídeo, a tua vontade é forte e impera. E não sentes qualquer impulso cego de obediência e fidelidade. Faz parte do teu fascínio e torna-te fatal.
Penso que terá sido num filme que ouvi uma personagem dizer a outra, à beira de se casar: o difícil não é dizer que sim a uma mulher para o resto da vida. É dizer que não a todas as outras.
E isso resume toda a dificuldade que os homens, mas não só, têm perante tamanho compromisso.
Sendo tu portadora desse halo que ofusca todas as outras, como posso dizer que sim a outra, enquanto não receber o teu não, conclusivamente categórico?
Sabendo isto, como pode ela ousar sequer tentar desalojar-te do meu coração?
Escrito por
SOD, o Pérfido
às
17:10


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