2007-05-27

Pausa rotineira

Ou como certos prazeres se transformam em certos hábitos...

E quando se transformam em hábitos, reduz-se o prazer. Mas há que manter a atenção dos leitores. Há uma obrigação a cumprir. Há que escrever ainda que nada haja para escrever. Ainda que apenas se escreva que nada se escreve. Uma afirmação algo ridícula que esconde a necessidade de escrever e a simultânea falta de inspiração.

A inspiração não aparece todos os dias. Muitas vezes disfarça-se mostrando atalhos ou referências para a inspiração de outros. Não se pode interromper a rotina. Não se pode correr o risco de perder a atenção dos leitores. Nem que seja necessário recorrer a imagens. De vez em quando recorre-se a uma simples afirmação de que hoje nada se escreve.

É um esforço vão pois é inevitável a falta de inspiração. A inspiração diária é um luxo de alguns iluminados e de muitos com tempo para a sustentar. É necessária muita atenção e muito tempo. E algum trabalho. E poucos são pagos para tal trabalho...

Fonte de onde não sai água é fonte seca. É fonte que não serve para matar a sede. É fonte que os necessitados não procuram. É fonte abandonada.

E quem quer ser abandonado?

2007-05-13

Monstros em companhia

Normalmente, os monstros que me acompanham na minha vida, não vivem debaixo da cama. Moram por cima, noutro andar.

Ultimamente tenho sido perseguido por uma autêntica família. O monstrai, parece ser o menos agressivo. O que menos incómodo causa.

A monstrãe, tem uma passada vigorosa. Tão vigorosa que estremece o meu tecto. Ela estende roupa, limpa a casa (imagino), sacode os tapetes para os quintais e janelas dos vizinhos e sei lá que mais. Começa o dia cedo. Hoje começou antes das nove. Durante a semana é por volta das sete. De vez em quando, a meio da noite, vai à casa-de-banho. As coisas que eu acabo por ficar a saber sem sair de casa...

O monstrilho é um poço de energia. Não sei o que ele toma, mas talvez devesse perguntar-lhes. Mas isso significaria enfrentar os meus monstros... Ele corre, pula, arrasta, salta, grita...

Já fui perseguido por um monstrurdo. Felizmente, só ocasionalmente dou por eles a passarem de carro. Nalgumas noites menos afortunadas, tenho a oportunidade de perceber que vivo perto de um ou dois monstrurdos. Mas, mesmo que me cruze com eles, felizmente, não sei quem são. São uma espécie bastante disseminada por todo o território nacional.

Agora vou pegar no meu martelo eléctrico. Apesar da hora, posso transformar-me num monstrobreiro. Quem disse a vocês que eu não posso ser o monstro de algum dos meus vizinhos?

2007-02-04

O bom português

- Tem a certeza?

- Não sei. Acho que sim...

Ora isto é ou não uma resposta de bom português? Não sabe se tem a certeza. Ora isso significa exactamente que não tem a certeza. Ou que não tem a firmeza para suportar aquilo que sabe.

O bom português é simples. Não gosta de entrar em polémicas. Não gosta de dar a cara por uma posição menos popular. Não gosta de ter chatices...

Apesar de humilde, não tem a humildade de, apanhado de surpresa, apenas reconhecer que não sabe ou que não tem a certeza. Então, também como bom português, arrisca a dar um palpite. Prefere errar a mostrar que não sabe. E não quer ver que errar também é demonstrar que não se sabe. Mas pelo menos tentou. E como bom português, fica-se pelas palavras...

2007-01-29

Que frio

Depois de vários dias a referirem a vaga de frio que trazia valores normais para a época, chegou finalmente o frio. E que melhor forma de o assinalar que falar sobre ele e sobre a gripe. Naturalmente alguns jornalistas não resistem a tornar esse assunto ridículo. Depois de finalmente terem razão em relação ao frio, tentam ter razão em relação à gripe. Talvez se tenham tornado em fazedores de notícias a quem nem o clima lhes resiste...

Assim, há poucos dias, previa-se a chegada do vírus da gripe. Esperava-se que ele chegasse mais cedo e mais forte, resultando num ligeiro pico. Ligeiro pico?!

Parece que já estou a ver os jornalistas a amontoarem-se (sim, aos montes) à volta do vírus da gripe, na porta das chegadas de um aeroporto nacional.

- “Afinal chegou mais cedo. Sente-se mais forte?”

- “Sim, claro!” – dito com um qualquer sotaque sul-americano – “Sinto-me mais forte nesta época e pronto para vencer.”

- “O Ligeiro Pico F.C. fez tudo para que chegasse mais cedo. Está feliz com isso.”

- “Claro! Vim para ajudar o Pico a crescer e quero retribuir a esta massa maravilhosa que me espera. Espero contagiá-los a todos!...”

2007-01-28

Post fora de época

Espírito natalino

2006-12-24

Já não é o que era. O que tanto é válido para isto como para tantas outras coisas...

É uma constatação anual. Não há grandes mudanças de ano para ano, mas as pequenas, todas somadas, acabam por dar nas vistas quando olhamos para trás.

Foi uma coisa tão banal como observar os filmes escolhidos para esta época de uma estação de televisão: tubarões assassinos gigantes, tiros e explosões, artes marciais, etc. Curiosamente, talvez aquele policial futurista seja o que está mais próximo do Natal. Apesar de tudo, prefiro esta grelha àqueles filmes lamechas de época... Mas não deveria ser preciso passar de um extremo ao outro.

Esta meditação foi efectuada na véspera de Natal, ao som do álbum Kill ‘em All dos Metallica.

Sim, porque sim

Porque outra razão poderia ser? A argumentação quer de um lado quer do outro tem, salvo raras excepções, escapado à questão essencial. O que acaba por ser natural, dada a natureza da questão colocada. Atendendo à questão a argumentação torna-se ainda mais fraca: despenalizar porque não se pode mandar para a prisão mulheres que abortaram ilegalmente. Curiosamente, coloca-se um prazo. Afinal as mulheres continuam a poder ir para a prisão. Basta que abortem depois das 10 semanas de gestação. Obviamente esta proposta para legislar não manterá as mulheres longe da prisão. A argumentação que se ouve agora voltará a ouvir-se daqui a uns anos.

Outra argumentação é o combate ao aborto clandestino. Mais uma vez o sim não dará resposta. Continuarão a recorrer ao aborto clandestino as mesmas mulheres que hoje recorrem.

A verdadeira questão, à qual quase todos parecem querer fugir é se o ovo, o embrião, o feto têm direito, igual ao da futura mãe, de viver. Como a questão não é pacífica, procurou-se o (impossível) consenso: decide-se que há um período durante o qual apenas a mulher grávida tem direitos. E isso dá-lhe o poder arbitrário de decidir se prossegue a sua gravidez ou a interrompe. Porque é que ela pode decidir pela interrupção? Porque sim. É quanto basta.

Os defensores deste poder arbitrário dizem que é para que a mulher possa decidir sozinha pois ela é que sabe. Precisamente por estar sozinha é que ela é empurrada para esta solução. Cegamente não reparam, ou não querem reparar que esta solução ainda é mais a favor dos homens que deixam estas mulheres sozinhas. Provavelmente, caso venha a haver uma lei baseada neste porque sim, terá igualmente de haver uma despenalização do pai que não quer cumprir as suas obrigações...

Há quem veja na necessidade da alteração desta lei uma resposta ao falhanço da educação sexual. Seria um pouco como despenalizar o excesso de velocidade nas estradas dado que não se conseguiu educar os condutores a respeitar o código da estrada... A malta pode não ser educada, mas tem sexo e guia velozmente. O resultado é uma questão de sorte. Algumas vezes, de morte...

Gostei de ver há uns anos uma fotografia de uma jovem que mostrava a sua barriga e tinha lá escrito qualquer coisa do estilo: aqui mando eu! Pois é aí que reside o erro dessa jovem e de muitas pessoas. Se realmente mandasse, nunca haveria necessidade de abortar...

2006-12-23

Boas festas...

Onde vos der mais prazer é o que eu vos desejo meus pérfidos leitores.

2006-11-05

Adiamentos crónicos

Projecto na minha cabeça. Elaboro como tudo deve correr na perfeição. Inicio o projecto. Leva mais tempo do que deveria a colocá-lo de pé. Isso entra em conflito com outros projectos já elaborados ou a decorrer. Estabeleço prioridades. Este ou aquele têm prioridade sobre os outros. Os outros ficam arrumados à espera da vez. Entretanto surgem mais projectos novos. Para além da dificuldade própria da gestão de cada projecto, há a dificuldade de conciliar os meus projectos com os projectos de outros. Normalmente a dificuldade só surge quando os projectos dos outros têm prioridade sobre os meus. Dificuldade de implementação dos meus, os quais são adiados para nos concentrarmos na implementação dos projectos dos outros. É frustrante quando não tomo os dos outros como meus e estes têm prioridade sobre os meus. Vejo os meus projectos serem preteridos. Ninguém gosta de ver o que é seu preterido em relação ao que não o é. Os meus vão-se acumulando, aumentando a frustração. E a frustração não ajuda ao desenvolvimento e conclusão. Vou vendo os meus projectos, e os dos outros, a acumularem-se e o tempo a diminuir. Vou adiando à espera de mais tempo. E esse tempo traz mais projectos...

2006-09-20

A frustração do furacão

Estava tudo preparado. Tudo à espera da catástrofe. Nem todos a esperavam, desconfiando de tanta informação. Finalmente a natureza colocar-nos-ia no mapa do mundo. Não temos propriamente tradição. Talvez daí tamanha excitação. Uma tempestade ou um ciclone já não nos basta. Ambicionamos ter catástrofes como os maiores. As equipas de comunicação foram para o campo, no meio do mar. Acabaram por pouco mostrar. Desilusão?
Felizmente, tanto a frustração como o furacão, passaram-nos ao lado...

2006-09-11

O meu Deus não é o teu Deus

Numa data de triste memória, muitos falam sobre Deus. Cada um à sua maneira o invoca ou o renega, de acordo com a sua imagem. A sua imagem que não é a Dele.
Deus é grande, mas não é do tamanho que imaginamos ser. Seria estranho que um ser tão supremo fosse tão facilmente inteligível por seres tão mesquinhos como os da nossa espécie.
Muitos falam em nome Dele. Uns a favor, outros contra. Mas Deus não é futebol, nem política.
Uns usam esta triste data, e outras, para louvarem o seu Senhor. Outros usam-na para demonstrarem a Sua inexistência. Será que Ele se sujeita a tais louvores ou demonstrações?
Somos tão livres que podemos ter opiniões tão divergentes. Tão livres que cometemos atrocidades em seu nome, como se fossemos o Seu braço. Tão livres que vemos na nossa liberdade a prova da Sua inexistência. Desejamos um Deus que nos apoie, principalmente quando nos sentimos comovidos por situações que nos transcendem. Desejamos um Deus que seja mais que um pai. Que seja o mestre das marionetas. Mas Deus não é um papel higiénico que limpa a borrada que nós fazemos. Não se encaixa na nossa visão do mundo, quer tenhamos ou não guardado lugar para Ele.
E muito menos dará a importância que qualquer um de nós imagina que Ele dê a um texto como este. Acho que Ele não está para aturar merdas destas...

2006-08-10

A Flor é bela

Assim parece ser. O sucesso não afectou a cabecinha. A cabecinha era assim antes do sucesso. Cheia de boas intenções. O que só por si não garante grande coisa.
As palavras parecem espontâneas, tal como os sentimentos. Tudo com um toque bastante ingénuo. Uma entrevista dela fez-me lembrar a explicação do Emanuel sobre as letras das suas músicas. Obviamente a maldade está em quem vê/ouve/lê. Os espíritos inocentes não têm malícia...
A malta entusiasma-se com coisa pouca. A procura desesperada de algo simples e belo pode levar ao encontro do disparate. O que vale ao crente é que Deus zela para que tudo corra bem. Pois Ele é verdadeiramente justo. Os maus serão castigados e os bons recompensados.
Alegrem-se chinesinhas e mulatinhos deste mundo: a Flor que é bela, espera conseguir adoptar um par de vós. Se for suficientemente rica, não fosse ter de abdicar de algumas coisas... Será que também quer adoptar outros animaizinhos? Se tudo correr bem haverão instituições para idosos e crianças. Pelo menos não serão para velhotes e putos...
Alegrem-se todos os outros pois está nos planos desta Flor vir a participar em novas telenovelas e programas infantis. Parece que há pouco disso na televisão portuguesa...

2006-07-15

Balanço final

Queria ter começado a escrever logo após o frango do Ricardo, mas acabei por começar a escrever também logo após o auto-golo de Petit. Não é completamente despropositado este haraquiri à portuguesa, dada a presença de árbitros japoneses... Não é apenas sobre estes maus momentos que escrevo. Temos a mania de passar de estados de euforia a estados de depressão suicida. De tentar fazer os outros passarem de bestiais a bestas. Tudo isto como grande facilidade.
Até parece que alguns se desligaram totalmente e deixaram a bandeira pendurada. Será a conquista de um terceiro lugar tão desmotivadora?!
Fiquei tão desmotivado que coloquei este texto completamente fora de tempo...

2006-07-02

Desejo domingueiro

Como estava ocupado, não me apercebi imediatamente do efeito que estava a causar nas minhas vizinhas. Quando me comecei a aperceber, fiquei espantado com o desejo estampado no rosto de cada uma delas. Mais tarde, percebi o motivo de tamanho desejo.
Estava à janela entretido. Mexia-me, mas não para provocar desejo. Mexia-me porque precisava. Só assim poderia terminar o serviço a que me tinha proposto. Enquanto abrandava para dar descanso ao braço, comecei a sentir-me observado. Observei também. Uma vizinha observava-me de um dos prédios vizinhos. Sorria, não conseguindo esconder o desejo. Talvez nem tentasse escondê-lo. Talvez desejasse que eu me apercebesse da necessidade e me oferecesse para a satisfazer. Lá em baixo, duas amigas conversavam. Uma delas olhava de vez em quando para mim, não parando de conversar. Tentei disfarçar, mas também olhei para ela. E a troca de olhares repetiu-se várias vezes...
Confesso que não consegui descortinar mais observadoras, mas elas iam aparecendo e desaparecendo das janelas e das varandas.
Alguns homens também me observaram por breves instantes. Diria que me olhavam com algum desprezo. Felizmente nenhuma das observadoras pareceu estar acompanhado pelo marido. Não quero problemas com a vizinhança.
Vou partilhar convosco a razão, que penso ter encontrado, para tanto desejo: elas queriam que eu lhes lavasse as janelas, tal como eu lavei as minhas...

Não sou homem de uma mulher só

Se depender apenas de mim, não serei homem de uma mulher só. Sempre que puder, acompanhá-la-ei. Sempre que puder, lembrar-lhe-ei que, ainda que momentaneamente ela esteja só, eu estarei sempre com ela.
Assim gostaria de ser, mas nem sempre o sou. Ou porque a deixo esquecer, ou porque me esqueço. Não dela. Mas de lhe lembrar do que sou e quero ser.
E quando deixar de a acompanhar ou ela deixar de me deixar acompanhá-la, procurarei outra que esteja só. E deixe de estar com a minha ajuda.
O natural não é ter uma mulher só: é ter uma mulher feliz. A felicidade não se alimenta da solidão...

2006-06-26

No Algarve também se trabalha

Apesar de me ter acontecido há já algum tempo, tema é ainda mais pertinente em tempo de Verão. Curiosamente, naquele dia, o Algarve parecia ser a região do país com o tempo pior. Leia-se com céu menos limpo e temperaturas mais amenas.
Ninguém leva a sério que alguém lhes diga que está no Algarve a trabalhar. Parece que ninguém trabalha no Algarve. No entanto, todos acabam por ser servidos, bem ou mal, quando para lá vão gozar uns dias de descanso. Se é que isso é possível nalgum lugar do litoral algarvio...
As respostas que se vão obtendo vão do “há ricos empregos”, ao “goza bem o sol”, passando pelo “boa praia”...
Confesso que até compreendo a dificuldade que há em perceber que há quem trabalhe no Algarve. Juntando as temperaturas elevadas e a proximidade da praia, há quantidade de gente que para lá vai para não fazer nada, de trabalho, é uma mistura brutal. E isto vai de encontro à minha teoria que a produtividade é inversamente proporcional à temperatura ambiente. Isto desde que tenhamos uma população com alguma dimensão. Em casos limite como nos desertos, com populações reduzidas, a produtividade até poderá ser elevada...
Pode ser desmoralizante trabalhar no mesmo local onde quase todos os outros se divertem...

Sardinhada

Já ouvi dizer que as mulheres querem-se como as sardinhas: pequeninas. Ou eu ouvi mal, esvaziando completamente este artigo, ou vou refutar essa afirmação. Obviamente, isto depende do gosto de cada um... Mas o meu é melhor que o dos outros. Basta que seja meu...
Eu gosto das sardinhas grandes. Nem é tanto o tamanho que interessa. Desde que sejam gordinhas. As gordinhas são as mais suculentas. Logo, normalmente, as mais gostosas. Desde que não estejam todas moídas...
Passando estas características para as mulheres, concluo que, se forem como as sardinhas, as melhores sejam as maiores. Pelo menos é dessas que eu gosto mais. No entanto, tal não significa que goste mais das mais gordas. Se bem que prefira um bocadinho de carne a mais, que carne a menos...

2006-06-15

A última cereja

Se se desconfia que o sabor de alguma cereja não é bom, não se deixa ficar para última. Se não está em condições de ser comida, é-lhe logo retirada essa possibilidade. Havendo boas possibilidades de ser comestível, acabará por ser comida. Mas não ficará guardada para última. Isso poderia provocar que um sabor menos bom perdurasse na língua. A última deverá ser a melhor. Tem que ser a melhor. É isso que esperamos dela.
Caso o não seja, teremos que procurar algo que faça esquecer aquele sabor...

2006-05-30

Complexo invejoso

Há uma tendência natural na espécie humana para ter inveja do sucesso de outrem. Poucos invejam o caminho a percorrer até ao sucesso. Normalmente por desconhecimento. Mas, ainda que o conhecimento chegasse aos invejosos, ainda menos invejariam o caminho. Quando vemos uma imagem de sucesso, não imaginamos o esforço que lhe deu origem. Não imaginamos os sacrifícios e a disciplina exigida. O invejoso prefere sonhar com o sucesso, sem ter o pesadelo do preço a pagar.
É natural: o invejoso só inveja aquilo que vê. Não pode invejar o que desconhece. Se conhecesse o percurso e estivesse disposto a pagar o preço, também poderia ser mais um exemplo de sucesso.
Alguém inveja os que tentaram e fracassaram? Esses pagaram o preço, sem chegarem a almejar o prémio. Os fracassados que fingem tentar, não merecem o sucesso que lhes escapa. E se ele até escapa dos esforçados...
Também desejo o sucesso. Mas não desejo o preço...

2006-05-21

A nossa selecção



Aqui vai a minha previsão para a nossa selecção. Aviso desde já as pessoas mais sensíveis que a previsão não é boa. E fundamento-a com a história.
Para começar, a nossa história de idas a campeonatos internacionais, apesar do entusiasmo que ultimamente nos assalta, não é longa nem boa.
Curiosamente, ou talvez não, é nos europeus que mais nos temos destacado. No único mundial onde nos destacámos pela positiva, ainda não tínhamos ido a um europeu. O que confirma a minha teoria...
A minha teoria diz que, uma boa prestação num europeu é contrariada dois anos depois num mundial.
O mundial de 66 não teve nenhum europeu precedente onde nos tivéssemos destacado. Daí o bom resultado.
A história diz que até nos portamos bem frente a selecções europeias, excepto em finais ou em fracções destas. O pior é que, nos mundiais, não apanhamos muitas dessas selecções. Tivéssemos nós um grupo recheado de selecções europeias e teríamos passado mais vezes à segunda fase do campeonato mundial.
Deixo ao leitor a magnífica tarefa de confirmar, ou desmentir, esta teoria com base em dados históricos.
Agora já se percebe a origem do meu pessimismo. Neste grupo, deste mundial, Portugal é a única selecção europeia do seu grupo...
A bandeira, made in China, já está na janela. Gostei do pormenor dela vir amarrotada e não poder ser passada a ferro. Também gostei de ver o pormenor das nossas armas. Os chineses aprendem rapidamente e gostam de satisfazer os seus clientes.
Agora só me falta a camisola de 66, de cor bastante mais viva, do meu tamanho, para sofrer condignamente mais uma humilhação mundial...

2006-05-20

Football fashion

Agora que as atenções estão viradas para mais uma competição futebolística, presta-se ainda mais atenção às jogadas fora de campo. Como se passa pouco e durante pouco tempo dentro do campo, a malta entretém-se com as novelas dos bastidores.
Ainda sou capaz de mandar a minha previsão sobre o percurso da selecção, neste campeonato que se adivinha. Para já, gostaria de desviar a atenção para o vírus da moda que atacou os jogadores. Aqueles óculos, estilo olhos de mosca, só poderiam provocar penteados daqueles. Quando eles se reúnem para os estágios, olham uns para os outros, e o resultado só poderia provocar cabelos arrepiados...