Ou como certos prazeres se transformam em certos hábitos...
E quando se transformam em hábitos, reduz-se o prazer. Mas há que manter a atenção dos leitores. Há uma obrigação a cumprir. Há que escrever ainda que nada haja para escrever. Ainda que apenas se escreva que nada se escreve. Uma afirmação algo ridícula que esconde a necessidade de escrever e a simultânea falta de inspiração.
A inspiração não aparece todos os dias. Muitas vezes disfarça-se mostrando atalhos ou referências para a inspiração de outros. Não se pode interromper a rotina. Não se pode correr o risco de perder a atenção dos leitores. Nem que seja necessário recorrer a imagens. De vez em quando recorre-se a uma simples afirmação de que hoje nada se escreve.
É um esforço vão pois é inevitável a falta de inspiração. A inspiração diária é um luxo de alguns iluminados e de muitos com tempo para a sustentar. É necessária muita atenção e muito tempo. E algum trabalho. E poucos são pagos para tal trabalho...
Fonte de onde não sai água é fonte seca. É fonte que não serve para matar a sede. É fonte que os necessitados não procuram. É fonte abandonada.
E quem quer ser abandonado?