Vivemos num país de pessoas que anseiam por uma desculpa para se exaltarem. Para deixarem de fazer bem, por uma razão qualquer, por mais pequena que seja. Somos pequeninos e invejosos. Quando cheira a sangue, precipitamo-nos para dar mais um pontapé no indivíduo que sangra. Antes, gritamos "quem nos agarrar?", enquanto o dito ainda está de pé. Depois de caído, carregamos. Queremos carregar com o dedo na ferida, mas só se nos sentirmos seguros de não levar uma resposta. Gostamos de protagonismo, ainda que seja à custa do esforço alheio e nunca do nosso.
Gostamos de tomar uma parte por um todo. Como se algo ou alguém ficasse definido apenas por uma faceta. Como se a nossa tacanhez quisesse mostrar à tacanhez de outrem que é maior e mais poderosa.
As redes sociais assentam que nem uma luva a este nosso desejo pequenino de sermos pequeninos. De sermos mesquinhos. De ignorarmos tudo o que de bem possa ter sido feito até ali, se tivermos uma oportunidade de crítica destrutiva. Ignoramos a construtiva, principalmente se nos for dirigida.
Somos pequenos selvagens que não toleram um dedo acusador. Uma tendência de ordem. Um diminuir dos direitos perante a exigência dos deveres.
É tão simples partilhar vídeos, fotos, textos e pensamentos de outros. Fazer um gosto (seja lá o que isso for) independentemente de ser apropriado ou nem por isso. Mais complicado é pensar pela própria cabeça e não incorporar alegremente o rebanho da carneirada.
E se querem ignorar o sábio conselho de não comer bife a todas as refeições por meras razões de saúde, mostrem que comem porque têm dinheiro para isso. E o que sobrar, doem para o Banco Alimentar.
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